MUNDO MARGINAL
Com o fim da escravidão os quilombos urbanos não desapareceram da paisagem das cidades. só se transformaram. segundo a urbanista Raquel rolnik do ministério das cidades os antigos redutos de resistência à escravidão viraram ''territorios negros'' onde as tradições herdadas dos africanos floresceram. manifestações como a capoeira o batuque as danças de roda e o culto aos orixás praticas malvistas pela sociedade encontraram nesses locas um porto seguro. a organização espacial unicelular era vista pelas autoridades como cortiços que precisavam ser eliminados. os espaços dos quilombos continuaram sendo estigmatizados mesmo com a perseguição os bairros que nasceram sobre as ruínas dos velhos quilombos -liberdade em salvador: gamboa e serrinha no Rio de janeiro e bexiga e barra funda em são paulo - tornaram-se berços das escolas de samba dos grupos de jongo dos templos de cultos africanos e das rodas de tiririca nome antigo da capoeira. se não chegavam a ser guetos exclusivamente ocupados por descendentes de escravos eram pontos de encontros para a celebração de sua cultura. ao mesmo tempo que servia de quartel-general da cultura afro as vizinhanças negras ganhavam a imagem de redutos marginais. como os descendentes dos escravos tinham dificuldade para conseguir empregos no comércio ou nas indústrias acabavam envolvidos em atividades ilícitas a situação atingiu tamanha proporção que em 1937 o então ditador Getúlio vargas baixou um decreto que obrigava principalmente as indústrias a contratar ''brasileiros'' a idéia do malandro do vagabundo da prostituta e dos jogos de azar acabou se associando aos negros e ao submundo da pobreza para o qual eles foram empurrados